Condições da Oferta Sacrificial (Udhiyah)

Em nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso

Introdução

إِنَّ الْحَمْدَ لِلَّهِ نَحْمَدُهُ وَنَسْتَعِينُهُ ونستغفره ونعوذ بالله من شرورأنفسنا ومن سيئات أعمالنا وَأَشْهَدُ أَنْ لَا إِلَهَ إِلَّا اللَّهُ وَحْدَهُ لَا شَرِيكَ لَهُ وَأَشْهَدُ أَنَّ مُحَمَّدًا عَبْدُهُ وَرَسُولُهُ أَمَّا بَعْدُ

Veramente todos os Louvores são para Allah, nós O louvamos, e a Ele pedimos ajuda, e a Ele pedimos perdão;

Pedimos a proteção de Allah contra o mal de nós mesmos, e o mal das nossas ações;

E testemunho que não há outra divindade com o direito de ser adorada excepto Allah, e testemunho que Muhammad ﷺ (que os Elogios e a Paz de Allah estejam sobre ele) é o servo e o Mensageiro de Allah.

Quanto ao que se segue:

A Oferta Sacrificial (Udhyiah) deve ser em conformidade com as seguintes seis condições:

A Primeira Condição:

O sacrifício oferecido deve ser um animal dentre “as bestas de gado”, que inclui camelos e vacas ou animais menores, como ovelhas e cabras. Isso se baseia na declaração de Allah:

وَلِكُلِّ أُمَّةٍ جَعَلْنَا مَنسَكًا لِيَذْكُرُوا اسْمَ اللَّهِ عَلَى مَا رَزَقَهُم مِّن بَهِيمَةِ الْأَنْعَامِ فَإِلَهُكُمْ إِلَهٌ وَاحِدٌ فَلَهُ أَسْلِمُوا وَبَشِّرِ الْمُخْبِتِينَ

“E para todas as nações, designamos cerimônias religiosas, para que mencionem o Nome de Allah sobre o animal que Ele lhes deu como alimento. E o vosso Ilah (Deus) é Um Ilah (Allah), então vocês devem se submeter a Ele Sozinho (no Islão). E (ó Muhammad ﷺ ) dá as boas novas aos Mukhbitin [aqueles que obedecem a Allah com humildade e são humildes entre os verdadeiros crentes do Monoteísmo Islâmico].” 

[Suurat-ul-Hajj: 34]

O termo “bestas de gado” refere-se a camelos, vacas, ovelhas e cabras. Essa definição é bem conhecida entre os árabes, como afirmou Al-Hasan, Qataadah e outros رحمهم الله (que Allah tenha misericórdia para com eles).

A Segunda Condição:

O sacrifício oferecido deve ter atingido a idade exigida e que esteja de acordo com os padrões religiosos, como seis meses para as ovelhas e um ano ou acima para o resto dos animais.

O Profeta صلى الله عليه وسلم (que os Elogios e a Paz de Allah estejam sobre ele) disse:

Não abatas nenhum animal, excepto um de idade madura, a menos que seja difícil para ti; nesse caso, poderás abater um prematuro dentre as ovelhas. [1]

“Idade madura” é a idade em que o animal é considerado totalmente desenvolvido, bem como qualquer idade acima disso, enquanto que “Prematuro” é a idade anterior a ela (isto é, a idade madura). No que diz respeito a um camelo, um maduro é aquele que completou cinco anos. Em relação a uma vaca, uma com idade madura é aquela que completou dois anos. Uma ovelha de idade madura é aquela que tem um ano de idade, enquanto uma ovelha prematura é aquela que completou meio ano [até um ano].

Portanto, com base nisso, é inválido abater um camelo, vaca e cabra se estiver abaixo da sua respectiva “idade madura” e uma ovelha se tiver menos de seis meses de idade.

A Terceira Condição:

O animal deve estar livre de qualquer defeito que impeça que o seu abate seja válido e aceitável. Esses defeitos são de quatro tipos:

1. Deficiência [clara] do olho: quando o olho do animal fica afundado ou sobressai ao ponto de parecer um botão ou torna-se branco (pálido), indicando claramente que o animal so vê dum olho.

2. Doença clara: é quando o animal apresenta sinais de doença, como febre, que o impede de pastar e causa perda de apetite ou infecção óbvia de sarna que estraga a sua carne e prejudica a saúde duma pessoa [se a comer], ou uma ferida profunda que poderá afetar a sua saúde e assim por diante.

3. Coxear [claramente]: é quando o animal é incapaz de pisar com segurança (sem se machucar) ao andar.

4. Emagrecimento que causa perda cerebral: baseado no que o Profeta صلى الله عليه وسلم disse quando lhe perguntaram sobre que tipo de animais não se deve sacrificar. Ele ﷺ gesticulou com a mão e disse:

São quatro: o animal coxo que [claramente] anda de maneira torta; o animal que é zarolho, que claramente tem um defeito no olho; o animal doente que claramente apresenta sinais de doença; e o animal emaciado (isto é, extremamente magro) que [geralmente] não é colhido. [2]

Este hadiith foi relatado por Imaam Maalik رحمه الله em Al-Muwatta de Al-Baraa bin Aazib ‎رضي الله عنه; Noutra versão deste relato, narrado por Al-Baraa ‎رضي الله عنه e encontrado nas coleções Sunan, que disse:

O Mensageiro de Allah صلى الله عليه وسلم levantou-se entre nós e disse: ‘Quatro tipos [de animais] não são permitidos como ofertas de sacrifício…’ e ele صلى الله عليه وسلم continuou a mencioná-los. [3]

Portanto, se estes quatro defeitos são encontrados num animal, isso impede que o seu abate e sacrifício seja válido. Isso também se aplica a qualquer outro defeito semelhante ou pior que esses, o que significa que também não é válido sacrificar os seguintes tipos de animais:

1. Um animal cego que não pode ver com os dois olhos;

2. Um animal que sofre de náusea, até livrar-se de tal e assim o perigo seja removido;

3. Um animal que tenha sido auxiliado no parto, se o parto natural for difícil, até que não haja perigo algum;

4. Um animal atingido por algo fatal, como asfixia, queda de um lugar alto, etc, até que a ameaça de perigo seja removida;

5. Um animal aleijado, que é um animal que não pode andar devido a uma deficiência física;

6. Um animal com uma das pernas dianteiras ou traseiras quebradas.

Portanto, se esses últimos [seis] defeitos forem adicionados aos quatro mencionados nas narrações, os tipos de animais que não podem ser abatidos tornam-se dez no total. Existem estes seis tipos, mais os animais que sofrem dos quatro defeitos mencionados anteriormente.

A Quarta Condição:

A oferta de sacrifício deve pertencer a quem a abate ou, caso contrário, ele deve ter o direito de abater o animal com base em motivos religiosos ou com a aprovação ou consentimento do proprietário do animal. Portanto, se alguém sacrifica um animal que não lhe pertence, como aquele que foi confiscado, roubado ou levado sob falsos pretextos, esse sacrifício não é válido. Isso porque, não é permitido se aproximar de Allah por meio de desobedecê-LO.

Também, é válido se o tutor dum órfão sacrificar um animal em nome do órfão, sendo que o tutor irá usar o seu dinheiro (isto é, do órfão); se isso é o que o órfão está acostumado e o seu coração será “quebrado” se o animal não for sacrificado. [4] Também é permitido que um representante realize o sacrifício usando os fundos da pessoa que o comissiona e com a sua permissão.

A Quinta Condição:

Nenhum direito de outra pessoa deve ser associado ao animal a ser abatido. Por exemplo, não é válido sacrificar um animal que está sendo mantido como hipoteca ou empréstimo.

A Sexta Condição:

O animal deve ser abatido no período específico legislado na Religião, que comeca depois da Oração do Eid no Dia do Sacrifício [5] até ao pôr do sol do último dia de Tashriiq, que é o décimo terceiro dia de Dhul-Hijjah. Assim, os dias em que o sacrifício é permitido são quatro: o dia do Eid [após a oração], e os três dias seguintes (ou seja, os dias de Tashriiq).

Portanto, quem realiza o sacrifício antes do final da Oração de Eid ou depois que o sol se põe no décimo terceiro dia [de Dhul-Hijjah], a sua oferta de sacrifício não é válida.

Isso é baseado no que o Imaam Al-Bukhaarii رحمه الله relatou de Al-Baraa bin Aazib ‎رضي الله عنه, que narrou que o Profeta صلى الله عليه وسلم disse:

Quem sacrifica um animal antes da Oração de Eid, veramente o que ele apresenta à sua família é somente carne e não é uma oferta sacrificial. [6]

Al-Bukhaarii رحمه الله também relatou que Jundub bin Sufyaan Al-Bajlii ‎رضي الله عنه narrou:

Eu testemunhei o Profeta صلى الله عليه وسلم dizendo: ‘Aquele que sacrificou antes da oração, então que o faça novamente [em substituição do que sacrificou antes da oração].’ [7]

Nubaishah Al-Hadhlii narrou que o Mensageiro de Allah صلى الله عليه وسلم disse:

Os dias de Tashriiq são dias de comer, beber e de lembrar Allah. [8]

No entanto, se alguém tem uma desculpa válida para adiar o abate após os dias de Tachriiq, como por exemplo, se o animal foge dele, devido a negligência de sua parte, e só é encontrado após os dias de Tachriiq. Outro exemplo é se uma pessoa nomeou alguém para abater o animal em seu nome, mas a pessoa nomeada esquecesse de fazê-lo, até que o tempo tenha passado. Em situações como essas, não há pecado no abate após o prazo prescrito, pois há uma razão válida para o atraso.

Isso também se baseia na analogia da semelhança a uma pessoa que dorme durante o tempo da oração ou se esquece de fazê-la até o tempo passar, pois a pessoa pode orá-la quando acordar ou quando se lembrar.

É permitido realizar o sacrifício a qualquer momento durante os dias de Tachriiq, seja de dia ou de noite. No entanto, o abate durante o dia é melhor, e fazê-lo no dia de Eid após a khutbah (sermão) é ainda melhor. Cada dia é melhor do que o dia seguinte, em termos de realização do sacrifício, pois isso reflete a rapidez e a vontade de realizar as boas ações.

E todos louvores são para Allah e que os Elogios e as Paz de Allah estejam sobre o nosso Profeta Muhammah , a sua Família, os seus Companheiros  e todos aqueles que o seguem em retidão até o Dia do Julgamento.

Referências:

[1] Sahiih Muslim: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.1963).

[2] Al-Muwatta: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.1).

[3] Sunan Abii Dawood: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.2802); Sunan At-Tirmidhii: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.1497); Sunan An-Nasaa’i: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.4369); Sunan Ibn Maajah: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.3144); e Musnad de Imaam Ahmad (4/300).

[4] Nota do tradutor: Talvez o órfão esteja acostumado ao sacrifício, tenha sido essa a sua experiência com seus pais antes de perdê-los. Portanto, se essa tradição que ele costumava compartilhar com sua família não for mantida, isso fará com que seu coração seja “quebrado”.

[5] Nota do tradutor: O Dia do Sacrifício, ou seja, Yawm-un-Nahr, é o dia de Eid, enquanto os dias de Tachriiq são os três dias seguintes.

[6] Sahiih Al-Bukhaarii: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.5545) e Sahiih Muslim: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.1961).

[7] Sahiih Al-Bukhaarii: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.5562) e Sahiih Muslim: Livro de Ofertas Sacrificiais (no.1960).

[8] Sahiih Muslim: Livro do Jejum (no.1141).

Autor: Chaikh Muhammad ibn Saalih Al-Uthaimiin رحمه الله.

Fonte: Talkhiis Ahkaam-ul-Udhiyah wadh-Dhakaat (páginas: 12-16).

Tradutor: Abu Faysal Ali Alburtugaali.

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Nome do livreto: Condições da Oferta Sacrificial (Udhiyah). Autor do conteúdo: Chaikh Muhammad ibn Saalih Al-Uthaimiin رحمه الله. Fonte: Talkhiis Ahkaam-ul-Udhiyah wadh-Dhakaat (páginas: 12-16). Tradutor: Abu Faysal Ali Alburtugaali. 906 Visualizações PDF O ARTIGO Partilha!